sábado, 4 de agosto de 2012
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Culto dos virgens: “Se uma mulher bonita vier na sua direção atravesse a rua”, diz missionário genro de Baby Consuelo

Missionário evangélico carioca, genro de Baby Consuelo, prega castidade até o casamento e dá conselhos aos fieis. iG selecionou os dez mais curiosos.
Príncipe não namora cachorra, namora princesa. Este é apenas um dos ensinamentos que o missionário Claudio Brinco repassa a seus seguidores no que chama de “culto dos príncipes”. O encontro aconteceu pela segunda vez, na noite de terça-feira (31), no clube Olympico, em Copacabana, zona sul do Rio. É uma versão masculina do “culto das princesas”, que já acontece há alguns meses e é liderado por Sarah Sheeva, cunhada de Brinco e filha da cantora Baby Consuelo. “A ideia é estimular uma nova cultura comportamental entre os seguidores da Igreja Celular Internacional (ICI), no que se refere a namoro e, claro, sexo”, explica Brinco. A adesão surpreende. Mais de duzentos homens lotam o salão.
 Há algumas regras estipuladas por quem quer ser príncipe. A começar pelo próprio culto: mulher não entra. Para o príncipe solteiro, sexo é proibido. Qualquer tipo de sexo. Masturbação, nem pensar. O missionário diz que beijo na boca não está proibido na bíblia, mas traz problemas aos fieis. “Beijo de língua não é pecado. Mas comida também não é e te leva à gula. Beijo é igual a forno elétrico. Liga em cima e esquenta embaixo”, afirma, cheio de gestos.

O começo do culto é catártico, com três hinos de louvores nos mais altos decibéis. Em seguida, obreiros passam a sacolinha para arrecadar doações espontâneas dos fieis. “Se você semeia morango, vai colher morango. Se você semeia dinheiro, vai colher dinheiro”, diz o missionário, distribuindo envelopes. E começa o culto para valer. “Aleluia, amém”, grita Brinco, pedindo que todos repitam com ele. “Que alegria, Senhor! Só ouço voz de macho, voz de varão”. Quase todos seguram a bíblia, mas em nenhum momento da noite ela seria aberta para a leitura de algum trecho. Nem pelo condutor do culto. O discurso do missionário está todo em seu iPad , de capa rosa-chiclete.
 É dali que ele retira frases como “A merenda é só depois do recreio. Príncipe aguarda as ordens do Rei”, para pregar a castidade até o casamento. Todos dizem amém repetidas vezes. O culto é animado, mas é quando vai para o improviso que Brinco realmente diverte a plateia. Parece um showman. Anda e gesticula o tempo todo pelo púlpito, coberto por um carpete vermelho e tendo três telões de 50 polegadas nas laterais.
 Bruno Luiz Alves, auxiliar de farmácia, 22 anos, diz que segue à risca todos os mandamentos. “Aqui tenho tudo explicado de forma clara”. Bruno é solteiro. Nunca namorou. O coordenador financeiro Thiago Kuster, 27, diz que pretende encontrar sua princesa na igreja. “É a necessidade de todo cristão. Vou aguardar o tempo que for”. Mais sorte teve Micael Brito, analista de TI. Ele namora há dois meses. “Estudo a bíblia junto com ela. É uma princesa de Deus”, diz, sorridente.
Testosterona na veia
 A maioria dos presentes tem entre 18 e 30 anos. São jovens empregados, vindos de diferentes bairros da cidade. Poucos namoram. E quando namoram, é com meninas também evangélicas. “Você nasceu para ser o cabeça, o provedor, o varão da sua casa. Diga ao príncipe ao seu lado: ‘você é o varão da sua casa, irmão’. Queremos uma nação de homens livres da cultura machista, egoísta e demoníaca. Não ao sexo antes do casamento”, diz no palco o missionário. O vendedor Maicon Charles, de 29 anos, cruzou a cidade para acompanhar o culto. Morador de Santa Cruz, ele e os amigos se orgulham de se declararem longe dos pecados. “O que interessa para a minha vida é o que Deus reserva para mim. Nem masturbação me interessa”, diz.
 Brinco ensina que as tentações são diárias e é preciso ser forte, é preciso ter força para suportá-las. “Dia desses andava na calçada quando vi uma morena fenomenal vindo na minha direção. Eu sou homem, pô! Aqui tem testosterona (diz batendo no braço). Enquanto todos os caras viraram o pescoço para vê-la melhor, encostei na parede e comecei a orar ao Senhor. Uma irmã aqui da igreja passou na hora e perguntou se estava passando mal. Disse para ela que não, só estava afugentando o demônio”, conta.
 Ele convida o pastor Nelson Júnior, de Vitória, para subir ao altar. Nelson está vestido com a camisa da campanha “Eu escolhi esperar”, também voltado à castidade. “Não é fácil ser cristão nos nossos dias. Não é fácil ser homem. Mais difícil ainda é ser homem e cristão”, diz, recebendo gritos de “aleluia” como resposta.

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